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Segundo o canal WPTV, durante a conferência de imprensa Donald Trump fez-se acompanhar por Marty Makary da FDA que citou um estudo da universidade de Harvard.
"Houve fortes evidências de uma associação entre o uso na gravidez de paracetamol e o aumento do risco de outros transtornos não transmissíveis em crianças", lê-se num resumo do estudo. Assim, é referida uma associação e não uma casualidade direta.
Uso de paracetamol leva ao autismo?
Ao canal WPTV, a médica Sonja Rasmussen, professora na faculdade de medicina Johns Hopkins explicou que este anúncio é exagerado. "Não é preto no branco. Um estudo não estabelece causalidade. Não acho que haja evidências. Não estou dizer que seja impossível. As evidências agora não são tão claras quanto as apresentadas na conferência de imprensa de hoje e acho que isso é o mais importante", revelou a médica.
Outras organizações nos Estados Unidos vieram dizer que não existe uma relação causal comprovada entre o uso de paracetamol na gravidez e o autismo. Ainda assim, as autoridades de saúde do país revelam que em breve os medicamentos podem vir a ter advertências e novas diretrizes de dosagens por parte dos médicos.
Lori Berman, senadora da Flórida, aponta que é necessário deixar a ciência trabalhar e não a política. "Talvez possa existir algum tipo de ligação, e deveríamos estudá-la mais a fundo, deveríamos entendê-la. Mas isso é muito diferente de dizer que é uma causa absoluta."
A médica Elisha Broom revelou ao ABC que apesar de poder existir alguma ligação também acredita que as evidências não são conclusivas. Aponta que os estudos que foram feitos acabaram por não conseguir excluir outro tipo de factores como a genética e o meio ambiente.
Há ainda outro ponto que considera importante: o motivo pelo qual a grávida está a tomar paracetamol. Assim, a febre ou a infeção acabam por ser outro dos fatores que poderá afetar o desenvolvimento mental da criança.
Deu como exemplo um estudo publicado em 2024 que comparou irmãos e não encontrou associação entre o uso de paracetamol durante a gravidez e o risco de autismo. "Estamos muito confortáveis que o equilíbrio entre risco e benefício pende fortemente para o lado do benefício", revela Elisha Broom.
Outras reações sobre o anúncio de Donald Trump
À ABC, o professor Andrew Whitehouse considerou que se trata de uma "leitura completamente exagerada da ciência". "Não há nenhuma evidência categórica em humanos de que tomar paracetamol durante a gravidez seja a causa do desenvolvimento de autismo nos filhos."
"Cada minuto de tempo, energia, atenção e esforço que gastamos refutando a ciência que não é comprovada é tempo, atenção, energia e espaço tirados de lidar com as coisas que realmente importam para as crianças e suas famílias", continua.
Recomendações sobre o uso de paracetamol em grávidas
Tal como outro tipo de fármacos, é sempre importante que exista uma recomendação médica antes de qualquer toma. "As mulheres precisam ter a certeza de que, se tiverem dor de cabeça ou precisarem de algum analgésico simples, podem fazer essa escolha sozinhas. A medicação está disponível e muitas vezes têm em casa. Não devemos restringir sua capacidade de controlar dores e febres simples", continua Elisha Broom.
Explica que o não controlo da febre pode ser perigosa para as mulheres e até está associada a partos prematuros e abortos espontâneos. “Não quero que as mulheres vejam este tipo de notícias e suspendam a toma de medicamentos até que estejam realmente doentes."
Ainda assim, alerta para a toma por períodos prolongados, o que deve ser feito sempre com a recomendação médica.
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